
AfroBapho
“O projeto AfroBapho nasceu para que vozes marginalizadas na intersecção entre raça, gênero e sexualidade pudessem encontrar vivências semelhantes, troca de informações e para colaborar com a construção de um espaço de representatividade e fortalecimento, dar visibilidade aos talentos do queer negro de Salvador e ao mesmo tempo absorver e propagar o que a cultura negra mundial tem oferecido, trazendo à tona pautas marginalizadas até mesmo no próprio meio LGBT.”
De um modo artístico e descontraído porém muito potente eles festejam pelo direito de lutar, a Afrobapho é uma iniciativa que se nasceu de uma página no Facebook, seguindo para a noite de Salvador em forma de música, dança, performances e muito tombamento até chegar a um canal no YouTube, abrindo espaço que é destinado à visibilidade de vozes marginalizadas, gerando discussões de raça, gêneros e sexualidades, na perspectiva da luta dos negros.
“O projeto AfroBapho nasceu para que vozes marginalizadas na intersecção entre raça, gênero e sexualidade pudessem encontrar vivências semelhantes, troca de informações e para colaborar com a construção de um espaço de representatividade e fortalecimento”, assim como Alan Costa o idealizador do projeto fala. Outro grande motivado foi a necessidade de dar visibilidade aos talentos do queer negro de Salvador e ao mesmo tempo absorver e propagar o que a cultura negra mundial tem oferecido, trazendo à tona pautas marginalizadas até mesmo no próprio meio LGBT. O documentário Paris Is Burning foi a principal referência estética para a criação da Afrobapho.
O Coletivo é formado por Alan Costa, Malayka SN, Ah Teodoro e Carolina Neves Lisboa.
"Buscávamos uma linguagem para discutir coisas tão importantes, quanto ser negro, ser LGBT e mostrar como o racismo e a LGBTfobia afetam e agridem nossos corpos", explica Alan. "Fizemos ensaios fotográficos, de movimentos sociais e culturais, sobre ancestralidade, sobre o genocídio da juventude negra e viralizou. Recebemos um convite da Anistia Internacional para participar da campanha Jovem Negro Vivo."
O grupo ganhou visibilidade quando passou a postarem seus vídeos de covers de músicas que tem similariedade com seu posicionamento, como Bixa e Necomancia da Linn da Quebrada e Afrofuturismo que foi uma parceria entre eles e a Ocupação Preta (Itajubá - MG).
"A gente encontrou uma forma diferente de falar sobre os nossos corpos. Começamos a fazer intervenções urbanas, a pensar na rua como uma outra forma de diálogo. Vamos pra rua disputar a cidade, mostrar que a gente não deve ficar isolado em nossos 'guetos'."
Entre 2017 e 2018, o coletivo recebeu convites para participar do Bloco da Pabllo Vittar no carnaval da Bahia, para o festival Coquetel Molotov e para festas em São Paulo, com o Coletividade Namíbia, e também no Rio de Janeiro. "A partir desses convites surgiu a necessidade de criar um show para fazer um resumo do nosso ARTvismo. Usamos a dança para mostrar como nossos corpos dissidentes são poderosos. No início, trabalhávamos mais com artes visuais com drag queers, performers, que usavam a dublagem e a dramaticidade de uma forma mais artística e teatral", explica Alan. "Depois de algum tempo, incorporamos a dança em nossos eventos, motivados pelo sucesso do vídeo de 'Bixa Preta".
Alan conta que o coletivo não queria apenas ser sobre a luta LGBT, mas que também discutiriam padrões sociais. "A gente percebe que a cidade é de maioria negra, mas são pessoas negras sofrendo com sexualidade de gênero. A questão é que a heteronormatividade agride nossos corpos de alguma forma. A ideia é não comungar com o padrão, as pessoas que estão com a gente são bixas afeminadas, travestis, homens trans, usam salto, muita maquiagem." As referências vão de Lacraia, Vera Verão ao clássico Paris Is Burning. "O afrofuturismo também é uma corrente cultural que a gente acredita. Nossos figurinos têm um mix e cores que reverberam para o futuro."
Alan acredita que as ações dos últimos anos já fizeram uma balançada que fez iniciar uma mudança de percepção nos eventos em que existem na cidade. "Já ouvimos que a gente era uma vergonha para a comunidade gay e hoje as pessoas estão mais aptas a entender porque utilizamos essas narrativas. A rua é um espaço de risco e precisamos ocupá-las"
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REFERÊNCIAS