

Liniker
“Ser uma mulher com um pau é revolucionário”
Liniker de Barros Ferreira Campos conhecida como Liniker (Araraquara, 3 de julho de 1995) é uma cantora e compositora brasileira
Nascida em uma família de músicos, Liniker tem, pelo nome de batismo, uma homenagem ao futebolista inglês Gary Lineker, artilheiro da Copa do Mundo de 1986 e cresceu ouvindo samba, samba-rock e soul. Embora tenha mostrado talento vocal desde cedo, era timido justamente por viver entre profissionais, e só começou a se arriscar a cantar depois de iniciar a carreira teatral, na adolescência. Seu pai não foi presente e foi criada por sua mãe e acompanhada de seu irmão Vitor, sete anos mais novo que ela. Em uma entrevista para Marie Claire, Liniker revela que foi abusada aos doze anos por conhecidos e que ninguém de sua família soube.
Aos 23 anos, Liniker é uma das maiores revelações da música brasileira. Mulher trans, é ainda uma das principais vozes do movimento. Nascida no interior de São Paulo, estourou na internet com o EP "Cru", em 2015. De lá para cá fez turnê no Brasil inteiro, nos Estados Unidos, Colômbia, Angola e 16 países da Europa.
“Um dos meus maiores desejos como artista é: bote para fora quem você é, não tem problema”
diz a cantora.
Aos 23 anos, já adulta,, lança novo álbum, Goela Abaixo. Produção independente com o edital Natura Musical, o último trabalho de Liniker e os Caramelows foi gravado na estrada, na Alemanha, em Lisboa, em sua casa em São Paulo, em um estúdio em Araraquara. “É um disco muito vivo, solar, do signo de áries”, diz a cantora, que faz o mapa astral de seus trabalhos antes de apresentá-los ao público.
Em uma entrevista para a Marie Claire em 2019 Liniker diz:
Acho que sempre soube (que era mulher). O que custei a entender é que podia ser outras coisas, ter outro corpo. Começou com o meu encontro com a [cantora] Linn da Quebrada. Em 2014, a gente fazia escola livre de teatro em Santo André e morava juntas. Muito estudiosa e sempre com o corpo em experimentação, ela foi me fazendo entender que “ok, tudo o que pensava em Araraquara pode sair para fora”.
E ainda diz que Quando era criança, sentia culpa por ser mulher, o tempo inteiro! Sou de Araraquara, interior de São Paulo. E lá a gente não tinha representatividade, não se via pessoas trans. Até hoje, tem um grupo de ricos que acha que não podemos ter direitos iguais.
Questionada sobre suas musicas serem sobre amor a cantora conta:
Sim, mas nesse disco também falo sobre ansiedade. Tem uma música chamada “Boca” que diz: “Aceito que para a vida vou com calma, tanta gente panicada, meu tempo de boa é bom”. O que quero dizer é que estar tranquila também é importante. Ter esse tempo de ficar em casa, furar a parede, trocar lâmpada... Me pegar no colo também, não esperar tanto que o outro me pegue. Tanto que tenho uma tatuagem aqui no plexo em que está escrito “mim”, para eu me lembrar de respirar. Hoje, se me der uma crise de ansiedade, penso: “Calma, respira, que uma hora vai passar”.