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Yakunã Tuxá

Yacunã Tuxá, é uma liderança jovem de 25 anos, nasceu e cresceu em uma aldeia Tuxá na Ilha da Viúva, às margens do rio São Francisco, e hoje vive em Salvador, onde cursa Letras na UFBA (Universidade Federal da Bahia). Na arte, ela reflete sobre a influência das danças, músicas e pinturas e de sua família. "Nós temos muito a dizer e a arte é fundamental para mim nesse sentido, porque toca as pessoas e leva sua mensagem."

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A artista trabalha com desenhos: faz um rabisco em um caderno, a partir de ideias, frases ou mensagens que surgem de seu dia a dia. Depois disso, ela redesenha e colore os desenhos em um software livre, chamado Krita. Ela escolheu esse programa por não ter experiência com desenhos digitais e pelo programa ser gratuito, mais acessível. Yacunã trabalha em uma mesa digitalizadora simples e, depois, divulga as ilustrações em sua conta no Instagram. Hoje seus desenhos digitais circulam e trazem uma discussão política e identitária nas redes sociais.

https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2019/09/13/yacuna-tuxa-artista-indigena-ninguem-aqui-e-iracema.htm

Além de integrar a liderança jovem nas lutas territoriais dentro e fora de sua comunidade, ela afirma fazer arte para "lembrar às pessoas que indígenas existem". "Eu queria mostrar o meu cotidiano, mostrar que eu ando com roupas comuns, para que as pessoas entendam que a identidade é uma coisa que está por dentro. Não é um acessório", diz. No espaço universitário, ela teve sua identidade questionada. "As pessoas me perguntavam se eu era indígena mesmo e chegavam a questionar o que eu estava usando em relação a roupas. As pessoas têm essa visão de que o índio não pode usar um celular ou um notebook, de que no momento em que o índio sai da aldeia, ele não é mais indígena", explica Yacunã, que também usa a a arte para refletir sobre o que é ser uma mulher indígena e lésbica, vivendo em um território urbano.

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Ela reflete “Ser mulher indígena e sapatão é antes de tudo encarar a solidão e uma carga de discriminações que se acumulam em meu corpo. Eu nasci e cresci em uma comunidade indígena, praticando os costumes e rituais que formam o ser Tuxá. Já na adolescência me entendi como mulher lésbica, porém só depois de um longo período de sofrimento, culpa e de variadas tentativas de forjar minha heterossexualidade, eu consegui me assumir. Foi um baque. Eu estava sozinha nessa. A minha comunidade não estava pronta para entender o meu lugar e não posso os julgar por isso.  Eu tive que conquistar o meu respeito através da luta.”

Seus Trabalhos

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Por vir de uma tribo indígena ela não conhecia nenhum referencial de mulher indígena lésbica dentro ou fora do meu povo, e diz que na verdade o silêncio sobre esse tema era ensurdecedor dentro do movimento indígena, vindo a ganhar um pouco de espaço nos últimos anos, embora ainda seja muito difícil se assumir LGBTQ dentro das comunidades e que ainda mais levantar essa bandeira. Por falta de representatividade, ela se sentiu como se já não pudesse se adequar na cultura do seu povo ou mesmo no movimento indígena.

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Esse silêncio nega a existência e os empurra para um não lugar, vulnerável a preconceitos, agressões, depressão e até mesmo ao suicídio. Muitos indígenas LGBT’S acabam saindo de suas comunidades para viverem livremente a sua sexualidade e acabam muitas vezes sendo marginalizados na cidade em função não só de sua sexualidade, mas por sua origem e identidade étnica.

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A homossexualidade é um tema ainda muito rechaçado entre os indígenas, muitos povos negam que existam LGBT’S em suas comunidades, pois acreditam que ser gay é coisa de branco, é aculturação. Ela diz. “Hoje, para mim, coisa de branco é a homofobia e/ou qualquer fobia a formas diferentes de viver a sexualidade que não a heteronormativa.” É possível encontrar registros que comprovam a liberdade sexual que os indígenas gozavam antes da chegada dos colonizadores, ou seja, a medida que se avançava a colonização também se avançava os valores morais e religiosos do invasor.

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Por ser um povo colonizado, precisamos estar alerta para observar o quanto a nossa forma de ver o outro e de si enxergar está sob influência do olhar do colonizador. Os corpos e sexualidades indígenas foram “disciplinados” dentro do molde do homem branco, europeu, heteronormativo e católico. Não é à toa que a imagem do indígena que figura no imaginário até os dias atuais está, em geral, está associada a figura de um homem/mulher com determinados traços, em boa forma física e heterossexual. Esse é o índio e só, uma imagem engessada. Como se índio só pudesse ser índio e nada mais. Não se pode ser indígena gay, lésbica, trans, gord@, advogad@, médic@ ou president@ da república.

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“Assumir a minha tríplice vulnerabilidade é hoje a forma que encontrei de quebrar o silêncio e garantir o meu direito de ser quem eu sou, devir e de estar onde eu quiser. É urgente visibilizar a voz LGBTQ no movimento indígena, é urgente se articular para promover uma transformação real.”

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“Por ser mulher indígena e sapatão, a minha luta não pode e nem deve ser dissociada. Preciso unificar o debate de raça, gênero e sexualidade, pois sou alvo do racismo e dos poderes que violam direitos e promovem o genocídio do meu povo; preciso resistir para existir dentro desse sistema misógino que viola e silencia mulheres e preciso também lutar contra a homofobia para me manter viva. A luta é conjunta e é tempo de soltar a nossa voz.”

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Referencias:

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