
Bruna Kury
Bruna Kury (Brasil, 1987) é anarcotransfeminista e performer. Pesquisa kuir sudaka no cotidiano e já performou com a Coletiva Vômito, Coletivo Coiote, La Plataformance, MEXA e Coletivo T. Pirateia, e faz pós porno e pornoterror. Desenvolve performances/ações diretas contra o cis-tema patriarcal heteronormativo compulsório vigente e contra as opressões estruturais (GUERRA de classes), principalmente em lugares de crise.
Quer cutucar, provocar, mexer com alguma coisa dentro das pessoas. Talvez porque se sinta um pouco assim. Uma parte meio inquieta, uma potência e muita vontade de colocar alguma coisa para fora e coragem de botar a cara na rua. Literalmente. Faz muita performance no espaço público.. Expõe questões, tabus e sabe que esse tipo de ação ecoa de alguma forma. "A performance reverbera diversas coisas depois, as pessoas não ficam em uma situação mental inerte. A minha performance tem uma coisa de estar cavucando privilégios, jogar na cara algumas situações".
"Não reivindicamos aceitação, queremos a destruição e a ruína do heterocapitalpatriarcal, por outras conjunções nas relações, por afetos livres e sinceros; queremos com nossos corpos-bomba e desobedientes a detonação dos gêneros. O queer já não nos é suficiente, queremos revolução trans, sudaka, mestiça, pobre e precária. Arte com excrementos, desprogramações sociais, guerrilha e subpolíticas desviantes no cotidiano."
[trecho do manifesto da coletiva Vômito]
Bruna conta que sempre teve esse tipo de postura e interesse por arte. Já fez pintura, pichação, lambe-lambe, fanzine. "Gosto de me expressar de uma maneira catártica desde criança. Sempre gostei de me expressar de maneira que seja transformadora de alguma forma tanto para mim quanto para o redor, pensando nessa performance como algo que possa ser um modificador social". Sua vida foi cheia de mudanças. Saiu de casa, no Rio de Janeiro, onde nasceu, cedo, aos 13 anos. De lá para cá, foi amadurecendo seu trabalho, morou por alguns anos no nordeste, conheceu muita gente e passou sete anos viajando com o coletivo Coiote. "Essas viagens tinham muito a ver com fortalecimento de ocupações, movimentos de resistência indígena e eu me considerava nômade. Chegamos até o Uruguai e tive algumas vivências nas ruas, a gente ficava em diversos espaços tanto de ocupação quanto de resistência artística".
Nesses anos todos como nômade, muitas pessoas eram integradas ao coletivo, unidas pela vontade de questionar as mesmas coisas e pelo afeto que a identificação trazia, sempre respeitando as individualidade e histórias próprias de cada uma. "As performances aconteciam em uma dinâmica de muito cuidado e pensar em marginalidades que temos em comum e marginalidades outras também por isso visibilizar outros corpos que não os nossos porque nós também temos privilégios. O trabalho [do coletivo] fala de um processo de descolonização do corpo e da mente".
