
Getúlio Abelha
Nascido em Teresina no Piauí e morando em Fortaleza desde 2012, Getúlio Cavalcante tem 25 anos e já fez diversos trabalhos no cinema, teatro e performances dentro e fora do Ceará. Em 2011 partiu para Fortaleza para estudar teatro na Universidade Federal do Ceará. Nunca terminou o curso porém ali começou sua ligação com a cena cultural da cidade.
No final de 2017, lançou-se como cantor de forró eletrônico com o nome artístico Getúlio Abelha, com letras exóticas, que debocham dos bons costumes e glorificam o comportamento fora do padrão. Seu primeiro single foi “Laricado”, em que marca de se encontrar com uma pessoa e avisa “se eu não comer comida, eu vou comer você, você vai me comer”.
Em entrevista ao Zoeira, Getúlio conta que não lembra muito bem quando começou seu interesse pela arte. Desde criança, suas influências estavam conectadas com atividades que envolviam criatividade. Entre suas memórias de infância estão a dança, a invenção de paródias e a gravação de vídeos.
"Era o que eu mais fazia para suprir essa carência de um direcionamento artístico no Piauí, além de ser chamado de doido por sempre me manifestar muito a partir dos meus sentimentos", lembra.
Na mesma reportagem afirma.
"Não consigo definir exatamente por onde a arte se introduz em minha vida, é muito complexo e subjetivo e para além disso nunca tive uma formação institucional completa em nenhuma linguagem. Hoje concluo que a arte foi o único lugar em que eu consegui caber diante de todos os outros modelos de vida que a sociedade propõe".
Acompanhado de banda e de dois dançarinos Maricota e Querino, fez sua primeira apresentação em abril de 2018, abrindo show para a cantora carioca Letrux, no festival alternativo de Fortaleza Maloca do Dragão. Foi então convidado para festivais de música alternativa de diversas capitais.
O estilo ousado de se vestir e manifestar seus sentimentos é influenciado por uma mistura inusitada de artistas e gêneros musicais. Ele diz que "A antiga formação da Banda Calcinha Preta está no topo do que eu amo musicalmente. Amo a estética, as vozes, o contexto, a proposta em geral me encanta, ser forrozeiro, gótico e psicodélico ao mesmo tempo por uns 20 anos não é pra qualquer banda".
Os vocais femininos são suas principais influências, mas o cantor diz se identificar vocalmente com Zé Ramalho. "Fui perfurado sonoramente por Depeche Mode, Pinduca, Madonna, Raimundo Soldado, Arca, Robyn, Luiz Gonzaga, Alceu Valença, Bjork, Pink Floyd, Banda Calypso, Marina and The Diamonds, Companhia do Calypso, Metronomy, M.I.A, Zezo, Banda Stylus, Britney e bandas de rock que minha irmã ouvia", conta.
Ao internalizar tantas misturas em seu fazer artístico, Getúlio diz que compõe suas músicas com base na intuição e na memória. As pessoas e a cidade também influenciam sua forma de ser e estar no mundo. "Acho que tenho umas 15 minicabeças diferentes pensando dentro da minha cabeça principal que me trazem estímulos constantes. Eu já determinei que não tenho outras condições de existir se não for criando e transformando sensações, traumas, críticas, pontos de vista, manifestos, protestos, histórias, vivências, amores em algum 'produto' artístico", diz.
Para Getúlio, a sociedade vive oprimida e não reconhece o poder do corpo e da mente na forma de transformar as vivências e a própria arte.
"Trabalho e vivo mescladamente, não consigo separar. É através de cada segundo que eu constituo minha obra. Serei capaz de fazer uma maquiagem, um filme, uma peça, uma cena, uma música, uma roupa, uma escultura, uma performance, uma conversa porque descobri em mim um dispositivo de liberdade e coragem que me tornam capazes de tentar fazer qualquer coisa que eu desejar", continua o cantor.